17/06/2009

O Brasil e a "Recessão"


Em matéria publicada em 11/06/2009 na "The Economist" veículou-se a possibilidade de o Brasil ter sido realmente o último país a entrar em recessão. Esta, sem dúvida, já é uma boa notícia, porém, fica ainda melhor quando acompanhada de uma chamada "Ready to Roll Again". Isto é, nem entramos profundamente na recessão e já estamos prontos para sair dela.

Uma infinidade de fatores podem ter contribuído para a solidez da economia brasileira frente as grandes oscilações do mercado internacional. Sem dúvida, construímos em nosso passado recente os alicerces para um futuro muito melhor. Desenvolvemos uma moeda forte, desindexamos nossa dívida pública das variações cambiais e criamos agências reguladoras (que mesmo sem muito poder efetivo conseguem sinalizar importantes informações para os investidores). Méritos ao nosso último governo por algumas dessas alterações. Elas foram responsáveis por alterar os ideais de nosso presidente atual.

Lula é um cara muito inteligente. Eu era contra a sua vitória em 2002, mas ele me provou que tem uma excepcional capacidade de percepção de fatos e conjunturas políticas, além de ser um cara de muita sorte. Contou com um ótimo período na economia internacional entre 2002 e meados de 2008, o que lhe concedeu enorme capacidade de manobra orçamentária e fiscal.

Em Setembro de 2008, quando a crise finalmente estourou, foi o primeiro momento de real instabilidade internacional durante o governo de nosso querido "Inácio". E não é que ele se deu bem! Não despirocou! Sinalizou credibilidade com sua famosa "marolinha", o que é de facto relevante em momentos de loucura do mercado financeiro. Contou com a muito competente equipe do BACEN para elevar os juros na hora correta, e abaixá-los no momento ainda mais certo. O homem da barba contou com a equipe da Fazenda (pela qual eu não tenho muita atração, confesso.) que também trabalhou corretamente, fornecendo um novo fôlego para a economia com a redução do IPI e outros incentivos mais.

Em resumo: O Brasil está escapando de uma crise muito pior em função de fatores que combinam mudanças estruturais, responsabilidade dos tecnocratas e uma atuação digna de elogios de um presidente sem muita educação formal.

Se o Brasil é o país do futuro, temos uma grande oportunidade de fazer do futuro o agora!

2 comentários:

Unknown disse...

Eu também aprendi a gostar do Lula, mas acho que nós devemos relativizar a sua importância em todo esse processo. Talvez a sua participação tenha se resumido ao papel de sinalizador de credibilidade através de sua famosa "marolinha", como manda a cartilha dos "bons economistas". Seguindo essa cartilha, o que o presidente deve fazer é dizer que está tudo bem, mesmo que não esteja, em nome da tão sonhada credibilidade. Ora, se assim for, em se tratando de temas econômicos, não há credibilidade nas palavras do presidente. De fato, eu duvido muito que, durante os momentos de turbulência, algum investidor procurou o Brasil em busca de águas mais calmas ou como o presidente gostava de dizer, uma "marolinha', se guiando apenas pelas por suas palavras.

Talvez o bom desempenho do Brasil durante a crise em relação aos demais se deva sim à capacidade dos nossos tecnocratas que, finalmente fizeram o que é certo e não o que eles provavelmente acreditavam que fosse o certo de acordo com a sabedoria convencional. Mas, a principal causa do nosso sucesso se deve à estrutura do nosso sistema financeiro que, devido a uma série de fatores, dificulta o acesso ao crédito e, consequentemente, a alavancagem. Ora, se a alavancagem é baixa, fica muito mais fácil tirar o país da crise.

Maserate disse...

FHC + bonança: +divida
FHC + crise: ++divida
Lula + bonaça: -divida
Lula + crise: marolinha